Introdução:
A obesidade é uma situação clínica em que ocorre excesso de peso. Sua prevalência vem aumentando rapidamente em todo o mundo, tanto em adultos como em crianças. Deve ser considerada como um dos maiores problemas de saúde pública.
Causas:
Embora em raras situações possa decorrer de causas exclusivamente genéticas, na maioria das ocasiões a obesidade decorre da combinação entre alimentação inadequada e sedentarismo, associada a uma tendência genética. Outras causas menos comuns incluem medicações (corticosteróides, alguns antidepressivos e antipsicóticos) e doenças (hipotireoidismo, síndrome de Cushing, apnéia obstrutiva do sono etc).
Complicações:
A obesidade pode causar diversos tipos de complicações, com evidente prejuízo na qualidade de vida:
Metabólicas: diabetes mellitus, hipertensão arterial, elevação do colesterol e triglicérides, doença hepática gordurosa.
Cardiovasculares: maior risco para infarto, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, tromboses venosas profundas.
Respiratórias: maior risco de desenvolver apnéia obstrutiva do sono.
Osteoarticulares: artrose, osteoartrite, gota, dores crônicas, limitação de movimento.
Psicossociais: baixa auto-estima, depressão, isolamento social, transtornos de ansiedade.
Diagnóstico:
O diagnóstico é clínico e determinado pelo índice de massa corpórea (IMC), calculado ao dividir o peso (em quilogramas) pela altura (em metros) elevada ao quadrado.
Em adultos, o IMC normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2; IMC entre 25,0 e 29,9 kg/m2 configura sobrepeso. A obesidade é classificada como grau 1 quando o IMC está entre 30,0 e 34,9 kg/m2, grau 2 se IMC entre 35,0 e 39,9 kg/m2 e grau 3 quando o IMC é superior a 40,0 kg/m2. Em crianças e adolescentes o IMC também é usado para avaliação, entretanto os valores compatíveis com a normalidade, sobrepeso ou obesidade variam dependendo da idade e gênero.
Tratamento:
O tratamento consiste principalmente na mudança de estilo de vida, com a adoção de uma dieta mais adequada e balanceada, adequando o consumo de calorias sem prejudicar a qualidade nutricional da mesma. Também é estimulada a prática de atividades físicas em intensidade moderada, preferencialmente sob supervisão, levando em consideração a preferência do paciente e suas limitações físicas, econômicas etc. O atendimento por uma equipe multidisciplinar, que inclui nutricionista e educador físico, é fundamental para obter maior adesão e sucesso no tratamento.
Em casos específicos o endocrinologista irá indicar medicações para auxiliar no controle do peso. Infelizmente as opções são relativamente escassas, incluindo a Sibutramina e o Orlistat, medicações de primeira linha para o tratamento. Outras medicações podem ser usadas, principalmente quando há transtorno de ansiedade e/ou depressão associados. Exemplos incluem o Topiramato, a Sertralina e a Bupropriona.
Nos casos mais graves (obesidade grau 2 e 3) que não respondem ao tratamento clínico podem ser indicadas outras medidas, tais como a cirurgia bariátrica ou o balão intra-gástrico. A decisão em indicar estes tratamentos deve ser criteriosa e discutida conjuntamente com o paciente.
Cabe salientar que mesmo estes tratamentos não são milagrosos, sendo sempre necessária a mudança de estilo de vida para evitar que haja recuperação do peso perdido após o tratamento.
Fonte: Lúcio Vilar – Endocrinologia Clínica, 5ª edição.